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Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são

O livro Macunaíma possui uma linguagem muito própria, direta e objetiva. Afim de atingir um certo público alvo. Assim como a comédia. Comédia sempre (em sua regra, salve poucas exceções) é algo regional e direcional. Basicamente, por se tratar de uma obra que tem como objetivo criar uma “identidade nacional”, cada um vai entender mais a parte que lhes compete culturalmente.


A obra Macunaíma trás vernáculos indígenas, nordestinos,e de diversas outras regiões do Brasil. logo, para entender em sua plenitude precisa ser, no mínimo, brasileiro. Eu, como nordestina tive de ir pesquisar diversas palavras indígenas que eu não conhecia para me assegurar do entendimento. Muito embora, pela metade da obra, a medida que Macunaíma vai sendo “humanizado” em São Paulo, os vernáculos vão sendo mudados e “abandonando” o vocabulário majoritariamente indígena. vira uma grande mistura de termo indígenas com falares regionais e até mesmo estrangeirismos.


Se comparando Macunaíma com a commedia Dell’art, o próprio herói seria um Brighella,- Um trapaceiro, de pouca moral e desmerecedor de confiança. Retratado como agressivo, dissimulado e egoísta. Mas que sempre acaba se dando bem de alguma forma.

Ainda na commedia Dell’art, temos algo muito marcante em Macunaíma: A presença de símbolos animalescos nas personagens. Por diversas vezes é retratado um ato comum: catar carrapatos um do outro ou de si mesmo. Como se fossem macacos. Que pode-se pegar um gancho da quimera das personagens.


As críticas contidas no livro sempre são abordadas em formas de situações, como:


- Macunaína caça a anta e só recebe tripas – Pode ser interpretado como: O Brasileiro que trabalha e exporta o melhor tipo de carne (número 1 em exportação) só fica com o resto (um exemplo de interpretação recente, mas que pode abrir um leque de outras críticas com uma “simples” situação)


- Senhora que joga “poção” nele e faz ele ficar forte e grande, menos a cabeça = Brasil, grande extensão, pouca educação, pouca cabeça


Até a própria linguagem é utilizada como forma de crítica: O Capítulo CARTA PRAS ICAMIABAS muito se parece com a carta de Caminha. Se atenta às mulheres do local, as virtudes do povo e seus costumes. Explicitando como se fosse um novo mundo-país-um novo braZil. O interessante é a mudança brusca na linguagem de Macunaíma ao se comunicar com seu povo em título de imperador. O mesmo se utiliza de uma linguagem demasiadamente rebuscada e culta. Não presente até então no decorrer da obra.


“Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são.” Frase mais marcante do livro, em minha opinião. Que virou posteriormente um samba enredo da escola de samba carioca de São Clemente – 1986.




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