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Os quatro elementos

O elemento fundamental da tragédia é a terra, mas isso não significa que não perpassamos por todos os outros três, sendo eles: água, ar e fogo.

Cada elemento trás consigo uma peculiaridade.


Comecemos com a água, elemento fluído de sentimento amor. Porém nada fácil de ser realizado. Consiste em deixar o corpo guiar ele próprio, considerando o critério de fluidez e não forma da água. Sempre buscando, preferencialmente, em plano baixo novas formas de movimentação. Particularmente eu fiquei bastante tonta nesse exercício, mas foram em momentos de tontura que meu corpo começou a assumir o controle e por si só foi criando estratégias para não parar e aliviar a tontura. A sensação de violar o espaço do outro se esbarrando ou até mesmo passando por cima, por vezes vinha de supetão, o que reforçava a não forma da água.


O elemento ar também propõe movimentos fluídos e sem forma. Portando o sentimento da alegria. Sempre em plano alto com as pontas dos pés.

Neste exercício ficou muito claro o caráter simbológico da Tragédia, uma vez que o sentimento felicidade veio representado por uma janela (claro que com toda uma história por trás, mas ainda sim uma janela, não um acontecimento). Embora o sentimento fosse de alegria, chorei bastante. Este elemento tem a peculiaridade da música, visto que a frase mantra deveria ser musicalizada de acordo com a potência do ar (brisa/furacão). Houve um momento em que eu não pensava mais em cantar, não pensava mais em me mexer, apenas acontecia e minha mente assumia um caráter espectador no processo.


Já o elemento terra é denso, é pesado e trás consigo a tristeza. Perpassando os três níveis com diferentes formas de locomoção. Foi um dos meus elementos preferidos. Chorei bastante e este choro potencializava a força que eu empreendia no chão. Em momentos eu realmente não conseguia aguentar o peso que eu sentia para tentar levantar do chão, como se algo realmente estivesse a me empurrar. Por vezes tive que me jogar no chão e tentar novamente, pois o peso era tamanho. Mas foi libertador, todo choro e sentimento expurgado. Foi o elemento em que eu mais senti o poder da Catarse.


E por fim, o fogo, o elemento mais explosivo e para mim o mais difícil de controlar e manter. Tido como óbvio, porta o sentimento da fúria. Foi o elemento em que eu mais busquei Artaud como referência, pois tive dificuldade em buscar um momento de real fúria, então peguei a memória mais recente de estresse e potencializei com a respiração. Desta forma criei/simulei um sentimento muito maior do que realmente era. Em instantes não conseguia mais controlar o corpo que gritava e se arranhava tentando expulsar toda aquela raiva.






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