Com base do livro Macunaíma, herói sem nenhum caráter, de Mário De Andrade
Como um país pode querer evoluir, se o próprio país se afunda? Reflexão, fato ou loucura?
Começarei com a pergunta que mais passou pela minha cabeça a cada fato que ocorria no livro. Somos uma sociedade que fazemos o melhor, amostramos o melhor e damos o melhor para os outros. O outro é simplesmente outra cultura, outra linguagem, ou seja, outro país. Fazemos o melhor café, temos as melhores frutas, as melhores carnes, mas é diretamente levado para fora do Brasil. O que consumimos? O resto que sobrou de forma ridiculamente mais caro de tantos impostos que é jogado em nossas caras, ou melhor, em nossos bolsos. O nosso grande herói Macunaíma tem a "preguiça" como uma enorme característica também, como resumidamente de todos nós. Quando coloco “de todos nós" quero levantar o pensamento relativamente incomum e direto. Somos um país de preguiçoso acomodados no que temos, mas ao mesmo tempo, temos ambição em querer melhorar. Mas o que temos é preguiça de se mover para lutar por um país melhor, então vamos realmente ter preguiça de muita coisa, entramos no comodismo.
Inovação de uma grande visão de um povo ridicularizado e menosprezado. Querendo ou não, cada um de nós temos um pouco do nosso grande herói Macunaíma. O maior diferencial no livro começa pelo seu título (Macunaíma, o herói sem nenhum caráter), me fez ligar o título a uma pessoa que faz tudo de errado, mas sempre com o pensamento de ser um herói de alguma forma. É basicamente isso que somos, não é mesmo? A esperteza e malandragem do nosso protagonista é uma das características de muitos brasileiros. Pessoas que querem conseguir o melhor de alguma forma e acabam sendo egoístas de alguma maneira (todos nós já fomos assim, nem que seja quando crianças), já fomos egoístas e já agimos maliciosamente em algum momento em nossas vidas. Nem sempre vai ser percebido, mas já foi feito de alguma forma. Ao se ler o livro faz a gente pensar, é exatamente nesse ponto que a comédia leva todo o seu estudo desde o princípio. Teve momentos no livro que se rir (ou não), que se pensa (ou acaba rindo), não sei dizer se rir e pensei nós momentos corretos que realmente o autor queria passar isso. Mas garanto que os momentos de silêncio me fez pensar que vivemos em uma estrada de dois lados, que talvez iremos melhorar ou talvez vamos piorar de vez.
Remeteu a commedia dell'arte, que tem a base central a imaginação popular e o seu improviso, tendo a possibilidade de ser direcionada a todos os tipos de assuntos. Tendo o seu forte contextual as críticas sociais, com possibilidades de risos ou não, mas com toda certeza a mensagem sendo passada. Até porque não tem nada melhor do que falar as verdades sorrindo, não é mesmo? O texto na comédia estende-se a ter sua significativa em cena, como as notícias recentes, tudo é feito pelo cotidiano de sua própria época. A comédia foi feita para se pensar, tendo isso como o seu ponto principal, tornando muitas vezes polêmicas com toda sua verdade, mas também sendo criativas, referências positivas, negativas e incentivar ao seu público a pensar. Sim a comédia faz todos nós pensar! Muitas vezes na comédia não precisa ter falas, mas apenas o corpo já consegue se passar toda a proposta. A concepção do corpo em cena na comédia tem que ser direto, firme e ao mesmo tempo delicado, por estar sendo trabalhado cotidiano da sociedade. É o que o nosso grandioso autor Mário De Andrade fez com o livro “Macunaíma”, falando de uma cultura, de um cotidiano, de uma grande sociedade, colocando em pauta assuntos ricos, dramáticos e inesperados, com muita inteligência e brilho na mensagem.
Na comédia temos um personagem com característica de uma mentira magistral e pode inventar um momento para qualquer situação. Se seus planos fracassam, quase sempre estava sem sorte. Resumidamente ele é um trapaceiro, egoísta e que não se pode lhe ter muita confiança, nome é Brighella, suas características se encaixa com Macunaíma.
A comédia se torna a ser tudo improviso pela sua dinâmica, mesmo com todo seu tempo de ensaio. Tudo é questão de quem está lhe assistindo, cada dia será uma grande novidade a cada cena que for feita. O público está presente em cena tanto quanto você, pode ser com uma fala, um gesto ou um riso. Exatamente por essas questões que precisamos nós jogarmos de cabeça em cada detalhe executado.
Autora do texto: Camila Andrade
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